16 novembro 2015

440 . Nem tudo está perdido.

Foto: Público Digital(Editada)
Hoje pela manhã testemunhei, participando, em algo que não estava nada a esperar. Numa instituição de ensino, que frequento diariamente, constato amiudadas vezes com o que considero falta de educação e civismo e que outros, mais benevolentes, chamam de "deixa lá, são coisas da juventude". Estou a referir-me, concretamente, ao péssimo costume que tenho - sim, péssimo porque vem do século passado - de ceder passagem nas portas e nos corredores apertados, aos elementos do sexo feminino. Este costume/hábito/vício/burrice, por vezes enerva-me, pois não poucas vezes, os acompanhantes do dito sexo, sendo do outro - presumo eu, igual ao meu - abusivamente aproveitam a minha mão na porta e passam antes de mim e, no final, nem sequer um "obrigado velhote por segurares na porta". E nas tais passagens estreitas ou então mais largas mas em que circulam três ou quatro a par, também aí tenho de me encostar, para não estorvar a conversa do grupo.

Mas hoje - como comecei este comentário - fiquei admirado, pois ao entrar num parque que está sempre superlotado e depois de ter circulado sem encontrar lugar, entrou outro utente e que ficou à minha frente e deparou com um "desestacionamento". Parou esperando que o outro saísse e, quando eu esperava que ele ocupasse o lugar vago, continuou a dar a volta, procurando outro lugar. Estupefacto, estacionei e aguardei que ele desse a volta, perguntando-lhe se tinha deixado o lugar para mim e como o mesmo anuiu fui ao carro cumprimentá-lo, agradecer-lhe e confessar-lhe que não estava à espera de um gesto daqueles. Pensei para comigo que nem tudo está perdido e que existem - embora poucas - algumas exceções à (des)regra.

A finalizar: Algumas pessoas têm manifestado a sua indignação pela viagem do presidente ao local de passagem, antes de ser exilado para o Brasil, de um seu antecessor. Não vejo onde está o problema. E perguntaria mesmo, como um ex-secretário geral: - Onde está a pressa? Nestes tempos conturbados devemos resguardar o presidente de um possível ataque e a Pérola do Atlântico será o lugar mais seguro para tal.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

13 novembro 2015

439 - Nunca tenho dúvidas e raramente me engano.

Foto: DN Digital
Hoje pela manhã e como faço sempre que a cidade dos Arcebispos não reclama a minha presença, passei no Café do Tónio, que já foi do Zé, para beber uma cafézada, dar uma vista de olhos ao jornal, trocar duas de treta com o Francisco Duarte (sobre o futebol do Taipas e do Braga) e com o meu primo José Francisco, o Vilas mais antigo, este, com as últimas novidades do século passado.

Hoje ao passar a tal vista d'olhos e logo na página dois, foquei-me - contra o habitual porque normalmente me fico pelos títulos - sobre um artigo de opinião do Embaixador (Jubilado?) Seixas da Costa, que fazia uma análise ao atual momento político. E dizia a determinado passo que, de Cavaco Silva que afirmava nunca ter dúvidas e raramente se enganar e que anunciou recentemente, relativamente às eleições, que "tinha todos os cenários estudados", se espera uma solução do problema criado.

Ontem - na tal cidade dos Arcebispos que nem sempre dispensa a minha presença - e numa aula de Sistemas Políticos Comparados, tive ocasião de, contrariando a maioria presente, manifestar a minha preocupação não pelo momento presente, mas pelo demora em dar solução ao mesmo, ou seja, e pondo os pontos nos is, por o homem que nunca tem dúvidas, raramente se engana e que tem todos os cenários estudados, andar agora a empalhar em lugar de resolver a situação.

Se o PR tinha, antes das eleições, todos os casos estudados, porque não toma uma decisão rapidamente? Ou será que - tal como um aluno desprevenido e preguiçoso - apenas estudou a matéria que esperava lhe saísse no teste?

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

10 novembro 2015

438 - Ainda (e sempre?), as legitimidades.

Somos um País de legitimidades. Ontem, hoje e, porventura, amanhã; tudo e todos, falam no legítimo. A começar por mim, que acho ter legitimidade para escrever neste (meu) blogue o que entendo; o meu vizinho que acha tem legitimidade para criticar o que eu escrevo; e a minha mulher que tem toda a legitimidade para ignorar o que eu escrevo. Mas eu, sou eu, um rapaz nascido no ano de 1954 na Pensão Vilas, debaixo do manto protetor do Avô Francisco e que não dei novos mundos ao mundo; ou seja, um ilustre desconhecido a quem até as empresas de sondagem, em quatro décadas de existência, nunca se dignaram perguntar qual era o meu palpite sobre nenhum assunto.

Mas - para contrariar o meu amigo Delfim que diz que muitas vezes sou pouco claro - o mesmo não se passa com os senhores deputados/comentadores encartados, que entram pelas casas adentro - de quem deixa - e vomitam legitimidades por tudo e mais alguma coisa. Não tenho assistido aos debates da semana finda, nem assistirei aos desta, pois não estou em idade de me incomodar, mas nos intervalos das novelas, ao passar de canal em canal, vou apanhando alguma coisa. E a legitimidade está sempre presente e para todos os gostos e feitios.

Para mim - que só sei que nada sei - nesta história que se desenrola desde 4 de outubro, há apenas uma legitimidade: a de quem votou, a de quem escolheu. E depois há uma coisa que se chama Constituição da República Portuguesa e outros sucedâneos que poderemos chamar de Leis, bom senso, responsabilidade, etc. Temos é que vincar e aceitar de quem vem a legitimidade. Tudo o resto são flores - para não dizer mariquisses - para enganar o Povão.

E, como sou chato, lá voltamos ao mesmo: diálogo; discussão; consensos. Houve diálogo? Houve discussão? Chegaram a consensos? Então se conseguiram estas três coisas, deverá haver uma solução, para aplicar a legitimidade do povo. Se não conseguiram, paciência. Temos de partir para outra.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

01 novembro 2015

437 - Pronto final travessão.

Foto: DNDigital (editada)
Pronto. Estava eu emaranhado nas confusões da Autonomia Creditícia e da Patrimonial,  do Setor Público Administrativo e do Empresarial, nos Graus de Autonomia Orçamental, na conformidade legal e na desconformidade financeira, na autorização de Despesa e nos três "És", da Economia, Eficiência e Eficácia, muito disto plasmado (e eu pasmado) no tal RAFE, sem apanhar um décimo do que precisava quando, inexplicavelmente, me cai no prato da sopa a Posse do XX Governo Constitucional.

Palácio da Ajuda, que me faz lembrar os meus tempos de SMO, em Lisboa, ali mesmo ao lado do HMDIC - paragem obrigatória uma ou duas vezes por semana para levar o protocolo ao Major Dores. De repente lembrei-me da possibilidade do porquê das Tomadas de Posse na Ajuda, com as despesas inerentes aos arranjos e protocolos (RAFE:Economia-Eficiência-Eficácia). É que ainda por lá devem existir resíduos do HMDIC (Hospital Militar de Doenças Infecto-Contagiosas), onde eram tratados alguns militares regressados e infetados das ex-colónias. É que todos são infetados pelo vírus umbigal (sim aquela coisa que nos faz olhar, apenas e só, para o nosso umbigo).

Sessenta e tal por cento dos portugueses escolheu ser governando por nós; Sessenta e tal por cento dos portugueses recusou ser governado por vós;  Sessenta e tal por cento dos portugueses votaram contra eles.

Se calhar (bemdecerto como dizíamos na primária) todos têm razão nas análises. Agora, por favor, depois de tanto tempo de costas voltadas ainda se continuar a falar em "diálogo"? Cá para mim só a gozar. Sabem o que me apetecia? Aplicar-lhes o Regime de Administração Financeira do Estado (RAFE) ou seja (como dizíamos na primária) RAFÁ-LOS.

E eu vou andando por ai e, por simpatia, também vou assobiando.