17 março 2024

562 - O Palco. Ter Palco. Estar no Palco.

 Corria o mês de setembro ou outubro do ano de 1972 quando entrei no Restaurante Monte Rei e, numa mesa, o Fernando Miogo, o Carlos Martinho e talvez o Gusto de Briteiros me perguntaram se eu queria "fazer teatro".

Embora nunca tivesse feito teatro e poucas vezes assistido, anui e em 25 de dezembro, representamos no Salão do antigo Edifício dos Bombeiros, a peça “Pouca Vergonha” de, salvo erro, Rui Correia Leite.

Estes espetáculos serviam de angariação de fundos que possibilitassem a compra de instrumentos para os Psictos, parte integrante e principal do Grupo Cultural e Recreativa Psictodérmicos.

Mais tarde, por dezembro de 1974, a parte cultural (leia-se teatral) deste grupo, desligou-se dos músicos e juntamente com o D.Cajas, fundou o Grupo Cultural e Desportivo CAJAS que, mais tarde e mais grupos nados/mortos deu origem ao ainda hoje CART – Centro de Actividades Recreativas Taipense que, neste ano da graça, comemorará 50 (cinquenta) anos de existência com muito desporto à mistura e com o teatro arredado da “cena”.

Isto tudo para dizer que uma das orientações do nosso Ensaiador, o Carlos Martinho, era que “no Palco, nunca se viram as costas ao público”. Era uma das suas regras fundamentais. Hoje, mais que naquela altura “o Palco” é o centro das atenções. É no palco que os congressistas expõem os seus pontos de vista; é no Palco que os oradores tentam cativar a plateia; é no palco que as Sessões Solenes se desenrolam; é (para todos os efeitos) num palco que, no Centro Pastoral se desenrola, domingo após domingo, a celebração da Liturgia.

Em todos esses locais, quem está no palco, seja congressista, orador, sacerdote e até acólitos leitores ou coralistas, são objeto de uma perscrutação de tod@s aquelas e aqueles que os escutam.

Este é, para mim claro, o palco da vida, onde os nossos gestos (interpretações) são perscrutados por todos e “às claras”, para todos. Porém, há outros palcos mais escuros ou até, se quiserem, mesmo obscuros, onde os atores, na sombra, interpretam papéis que ninguém vê mas que, mais tarde, todos sentem.

Porém, quando sentimos, já pagamos o bilhete e já nada mais nos resta senão chorar sobre o leite derramado e ficar de sobreaviso em novas investidas dos atores.

Para o final da semana, cá estaremos e entretanto eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.


22 janeiro 2024

561 - "Isto" a que alguns chamam de política

Não venho aqui desde julho. Mas hoje estou arreliado q.b. para vir e, eventualmente, com cenas em próximos capítulos. Esta coisa das Eleições Legislativas antecipadas está a mexer comigo. Mas, antes de manifestar o porquê da arrelia, gostava de dizer.

Após a saída do meu amigo Carlos Remísio de Castro, fui convidado, pelos quatro candidatos que se lhe seguiram, a fazer parte das listas do Partido Socialista (PS) à Assembleia de Freguesia (AF) de Caldelas - Caldas das Taipas. Por questões familiares, leia-se, por imposição da minha mulher, não pude aceder ao convite dos três primeiros, sendo certo que, já não existindo oposição, fiz parte das duas listas encabeçadas pelo Luís Soares, sendo, na primeira, vogal da Junta de Freguesia, com competências delegadas, e na segunda, eleito entre os pares, para Presidente da AF.

Não sou militante do PS, mas simpatizo com as suas ideias. Votei nos quatro candidatos, não só pelas ideias (deles e do partido) mas porque acreditava que, naquele momento, seriam uma mais valia para as Taipas. Assim os eleitores o não entenderam, exceto quando o Deputado Luís Soares teve a ousadia de correr um grande risco, que valeu a pena.

Terminado este prólogo vamos ao que está em questão: Porque há eleições legislativas antecipadas? Porque se têm de constituir listas para ser votadas? Porque "todos querem ir"? Porque nem todos vão? Estas são as questões que se colocam a muitos, mas que estão devidamente regulamentadas. Podemos ter, cada um de nós, a sua opinião e interpretação, mas estão escritas.

Agora o que não está escrito é o "quem é quem", ou o "quem dever ser o quê" nas tais listas candidatas nos círculos eleitorais. As comissões políticas (CP) concelhias (C) indicam um nome; as CP Distritais (D), reservando os lugares indicados pelo Secretariado ou Secretário Geral (SG) e estes ratificam ou retificam as listas finais.

Agora, quando alguns querem tudo, querem abocanhar o que o povo designa - quanto a mim mal - de tacho, é que aparecem os problemas. E é nesta altura que eu, simples simpatizante de base, pergunto e questiono. Então, uma CP com algumas dezenas de pessoas (CPC e CPD) escolhem e votam quem deve ir pra Lisboa e descuidam aquelas e aqueles que, no dia a dia, aguentam as questões dos cidadãos - muitas pertinentes e outras não - sem meios para as satisfazer e depois, na hora do "bem bom" ou "do melhor" os membros das Juntas e das Assembleias de Freguesia, que dão o coiro e o cabelo para defenderem as "suas damas", não são ouvidos nem achados?

E aqueles com um bom desempenho num lugar "em Lisboa" e que, mesmo assim, se sujeitam ao combate nas freguesias, ganhando-as depois de 12 anos a ver navios e voltando a ganhar no mandato seguinte, são riscados do mapa? E depois vêm falar-me em currículos e competências de outros, que nada ou pouco ganharam?

Sim, sim, porque nomeações não são eleições.

E eu vou andando por aí e, enquanto não encher o copo, vou defendendo, no terreno, muitas coisas que ... não têm defesa.

Um abraço do tamanho do mundo ao meu Amigo e Presidente Luís Soares.