12 novembro 2019

518 - Carta aberta a... quem quiser perceber.

Foto: SaraROliveira
Movimentações. Paleios. Conversas. Ribalta. Palco. Necessidade. Traição. Cobardia. Punhalada. Ingratidão.

Palavrinhas a que o dicionário priberam, classifica de "substantivo". E descreve como Palavra que pertence à classe de palavras que designa seres ou coisas, concretos ou abstractos, estados, processos ou qualidades.

Curioso, quando há movimentações, tenho curiosidade de saber donde elas vêm. Normalmente são precedidas de paleios, na penumbra da noite ou de um qualquer lugar escuro. Naturalmente, e dependendo da vontade do paleador, passam a conversas - primeiro em surdina, depois mais em público até atingirem a ribalta, ou o palco que é a sociedade em que vivemos.

Quando estas movimentações surgem, colocado na posição de espectador, analiso-as, mediante os dados em meu poder e mercê dum canudito que me ofereceram lá prós lados de Braga, (não abaixo), questiono-me da necessidade dessas ditas movimentações.

Então, surgem-me outros substantivos. Traição? Punhalada? Ingratidão? Cobardia? Curioso, há cerca de dois anos senti na pele estes últimos substantivos. Senti e ficaram bem cravados. Mas, com a idade e o andar dos tempos, vamos ficando insensíveis a estas coisas. E, claro, a importância delas depende de quem nos tenta espetá-las.

Infelizmente, pelos últimos tempos, tenho reparado que, dois anos volvidos e mudando as personagens, "os substantivos" ainda andam por aí.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

23 outubro 2019

517 - E dois magníficos anos se passaram

Foto: QV
Pois é. Já lá vão dois anos. A 23 de outubro de 2017, tomaram posse os membros da Junta e da Assembleia de Freguesia de Caldelas. Liderado por Luís Soares, tenho o prazer de fazer parte dum coletivo que, apesar de algumas, cada vez menos, vozes dissonantes, tem conduzido e bem os destinos da freguesia.

Nestes dois anos gostaria de focar o coletivo. No papel somos cinco membros do Executivo. Na prática, somos muito mais do dobro. Neste coletivo teremos de incluir os colaboradores da Secretaria, do terreno, alguns membros da Assembleia e cidadãos bem conhecidos, que tudo têm feito para o bem da freguesia.

Para quem não acreditava na liderança e no coletivo, já houve tempo mais que suficiente para dar a mão à palmatória. Luís Soares lidera. Está vivo, decide, aconselha, dá ânimo, desbrava terreno, procura e exige o perfecionismo.

Longe vão os tempos em que a distância não era vencida com um simples telemóvel. Longe vão os tempos em que não existiam computadores e ficheiros guardados na nuvem, de acesso fácil e simultâneo. Mas, e acima de tudo, longe vão os tempos em que se berrava contra tudo e todos para esconder a inoperância e a incompetência. Estes últimos, foram substituídos pelo diálogo e pela competência de quem sabe que com berrarias nada se consegue.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, lamento quem, não sendo cego, não quer ver.

16 outubro 2019

516 - Tão parecidos que nós somos...

Chegou ao loteamento do Pinhel o jornal da vila, que li na vertical sem me debruçar sobre nenhum tema em especial.
No dia de ontem, alguém me chamou a atenção questionando o que eu achava das crónicas dos líderes das bancadas da Assembleia de Freguesia. Com alguma tibieza e porque não estava para aí virado, confesso que não fui ler.
No entanto, elas hoje foram colocadas online, o que me permitiu olhar para o título e aguçar um pouco, mas só um pouco, o apetite. Se uma começa com "Os serviços públicos (...) são o único garante (...) que qualquer cidadão (...) tem acesso ao mesmo serviço", já o autor da outra opina que que não gosta "da palavra Estado vociferada no sentido de público (...) de que o público é que é bom e o privado (...) é mau".  

Não conhecesse eu a idoneidade do Diretor do Jornal, até poderia pensar que um teria tido acesso à crónica do outro - sem imputar o nome ao um e ao outro - tal o tema é comum às crónicas e as opiniões antagónicas. Assim, registo a necessidade que cada um tem de defender a sua ideologia atacando a do outro. Sim, porque as duas crónicas estão carregadas de ideologia e são fortemente políticas, embora algumas pessoas digam, como se isso fosse algum defeito, que não falam/fazem política. Ora, quem não faz política não pode ser concorrente a eleições e não pode tomar assento em locais políticos, como uma Assembleia ou uma Junta de Freguesia.

Porque também sou político - e assumo-o com muito gosto e até prazer - tal facto não é impeditivo, como afirmo muitas vezes, de pensar pela minha cabeça e de dizer que a Crónica do Augusto é aquela que está em sintonia com o que eu penso das políticas públicas. E penso assim, talvez porque, ao contrário de outros, estive em Portugal nos últimos dez anos e não estive a papar sono.

Eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando e fazendo política.

28 setembro 2019

515 - Carta aberta a... quem quiser ler.

Foto: JMR
Sexta feira termina a campanha eleitoral para as autárquicas. Amanhã e no próximo Domingo, os Portugueses vão escolher aqueles que querem ver na Assembleia da República. Eu, obviamente, já escolhi. Não foi com a campanha eleitoral, a que não assisti, mas por convicção. Acho, eu claro, que o País deu uma volta e o pessimismo reinante foi substituído, não digo que pelo otimismo, mas por uma esperança latente. Gostei da fórmula governativa encontrada, gostei da fiscalização dos parceiros do PS e gostei do PS. Desculpem os meus amigos que não gostaram e, espero, que não seja por isso que deixem de ser meus amigos. Amigos, amigos, políticas à parte.

Fazem agora quatro anos que votei no partido em que votei, porque estava farto e cheio do masoquismo reinante. Este ano, sem mudar de partido, vou votar na filha do Julinho Fertuzinhos, no amigo do João Pacheco e no Nelson Felgueiras, que me secretariou na AG do C.C.Taipas. Obviamente que, ao votar neles, contribuirei com o meu voto para todos aqueles que integram a lista.

Pedindo desculpa aos três que citei anteriormente, o meu voto vai, diretamente, para o neto do senhor Soares da Farmácia. Pela mão dele, já burro velho, participo ativamente na política. Com agrado acompanhei-o na preparação da campanha autárquica; sem entusiasmo aceitei a minha inclusão na lista; contrariado acedi à propositura para um lugar no Executivo. Isto foi há dois anos. Hoje tudo mudou:

O desempenho do Luís fascina; o seu interesse é contagiante; o querer fazer sempre mais e melhor reboca-nos; o derrubar montanhas para chegar onde é preciso espanta-nos. O pormenor, o cumprimento, a seriedade, a amizade, tudo nele é genuíno. Quando contrariado pelos seus pares - que o diga a nossa Tesoureira - esmorece momentaneamente, mas avança com o voto dos outros. O Luís é o Presidente da minha Freguesia. O Luís é um deputado que pertence à minha freguesia. O Luís defende intransigentemente, os interesses do concelho e da freguesia.

Por isto que digo/escrevo e que é pouco, precisamos do Luis na Assembleia, mas devemos manifestar que o queremos, votando na lista pelo qual é candidato.

E eu vou andando por aí e, por o quero a Deputado, estou com ele.

13 setembro 2019

514 - Senhores...

Foto: QuimVilas
No dia 25 de agosto retratei, da janela do quarto da Sara, um final de tarde excecional. Tenho uma dúzia de retratos de uma beleza pouco comum. Partilhei com alguns amigos, com o título: Taipas, a ferro e fogo.São fotografias, modéstia à parte, mesmo boas.

Mas, de amadores está o mundo cheio. Amadores e pessoas tristes. Tristes e desoladas. Desconsoladas, derrotadas e frustradas. O seu constante espernear, ainda mais os afunda e dificilmente de lá sairão. Mas isso são contas de outro rosário, que nada tem a ver com as Taipas a ferro e fogo, nem com o quotidiano.

Saiu o Reflexo. Extraio a entrevista do Professor residente, que substitui José Ferreira Fernandes, na velha Escola do Pinheiral (no meu tempo não era Universidade). Lidei com ele de muito perto. Nunca fui simpatizante do partido onde militava. Ele sabia-o. Mas ambos, desde o 74, militamos no mesmo partido: Taipas. Nunca quis o primeiro lugar. Manteve-se na retaguarda, deixava-os ir, ou pousar, manobrava os cordelinhos. Fino que nem um rato, ar bonacheirão e riso trocista, sempre levou a água ao seu moinho. Da sua entrevista - onde teve a amabilidade de me citar - retiro a sua gentileza: O Quim Vilas também era um rapaz jeitoso (...) éramos muito amigos. Falava com ele de muitas coisas.

Obrigado Professor Matos. Do que falávamos, ninguém saberá, é segredo. Mas que eram boas conversas eram. Um abraço.

Mas olhe... Eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

16 março 2019

513 - De Canhota em canhota, até à canhotada final.

Foto: QV.
Foi divulgado pela imprensa a limpeza das margens de parte da Ribeira da Canhota. No dia de ontem, dizem as notícias, 25 alunos do Curso de Biologia da U.Minho, 24 da Escola da Charneca e a Brigada Verde de Caldelas, limparam o troço compreendido entre a Rua do Pinhel e o túnel que atravessa a Variante em direção aos Banhos Novos e Velhos.

Esta limpeza já começou no ano passado. Engendrada pela Junta de Freguesia e abraçada pela Brigada Verde de Caldelas que tem, no seu magnífico secretário, um apaixonado pelo Verde e um lutador e programador excecional, paulatinamente e com algumas desilusões pelo caminho, o trabalho começou a ser feito.

Em reuniões nos diversos setores da sede do concelho, formações, palestras e trabalhos, o incansável professor José Fonseca foi-se ambientando e integrando, não no Verde que é a sua vocação, mas como se pode pela via do diálogo e da presença, levar a água ao seu moinho.

Os diversos programas e candidaturas apresentadas pela Junta de Freguesia e pela Brigada Verde tiveram o trabalho meticuloso e persistente deste professor que, não desanimando à primeira pedra encontrada, antes as ia afastando e apoiado pelos que foram eleitos para fazerem uma freguesia melhor, alcançar os seus/nossos objetivos.

Se nos Programas e Candidaturas teve o apoio do Executivo e a sua chancela, neste caso em concreto da Ribeira da Canhota, há um mês que o incansável Isaías, de máquina às costas, andou a desbastar terreno que permitiram ao Alberto, na passada quinta feira, entrar com a máquina ribeiro adentro e colocar à vista de todos os materiais recolhidos pelos Alunos.

Em equipa, os trabalhos conseguem-se. Com vontade, tudo é possível. E quem sabe, "a remar todos para o mesmo lado", qualquer dia vamos da foz à nascente e o Ave volta ao que já foi. Não com conversa fiada, mas com trabalho.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também irei remando.

08 março 2019

512 - Propaganda Política

O cabeça de lista derrotado nas últimas eleições, por um contundente 8 - 5, teve honras de entrevista e de primeira página no Jornal Reflexo. Não irei discutir questões/oportunidades editoriais, pois tal não me compete, mas outrossim já as afirmações do entrevistado me merecem alguma reflexão.

Com perguntas convenientes e suaves por parte do(s) entrevistador(es), Manuel Ribeiro vai respondendo do que ele acha ser o não trabalho do atual Executivo, confundindo - por razões que se compreendem - o atual com o anterior. Então, no desfiar das convenientes perguntas, saem as respostas mais mirabolantes e engraçadas, a que todos temos direito nesta época carnavalesca: o executivo por ele integrado não deixou dívidas; a sua gestão deixou as finanças equilibradas; o parecer sobre a alcavala das obras do Tojal, é um desperdício de dinheiro público; a "anulação" do contrato de um terreno junto à praia seca, é a reversão de um projeto; o atual é "minimalista"; o projeto para o mercado é "minimalista"; o projeto da Pensão Vilas, tem informações que irá ser retomado a curto prazo ; está de corpo e alma com a intervenção no centro; houve um mal entendido entre o presidente  da AF e um membro da AF, que do seu lado pensa estar ultrapassado; quanto a um processo judicial trazido pelo simpático (para ele) entrevistador, não se pronuncia; a casa mortuária é uma obra desnecessária; e, SE tivesse ganho as eleições, não tem dúvidas que a praia seca, a ligação ao parque de lazer e a centralidade da vila, teriam sequência.

A entrevista do Dr. Manuel Ribeiro, é brilhante. A oportunidade da mesma, idem aspas, aspas. As questões difíceis para o entrevistado, olá, olá. Tudo mal feito, ou melhor, nada feito nestes 18 meses, contrastando com o MAGNIFICO trabalho dos três mandatos anteriores.

Mas, como diz o pobo - o Menino Jesus num drome - e apesar de "ainda é muito cedo para pensar" na candidatura, nessa altura iremos ver. E até lá... Eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.


22 fevereiro 2019

511 - ... diz-se mal.

Já não é d'ontem e muito menos d'hoje, que publicamente digo/escrevo, que aprecio as crónicas da professora Teresa Portal. Discurso fluído, bem escrito (não fosse ela uma excelente professora), sem papas na língua, diz o que lhe vai na alma e, pelo menos a mim, enche-nos a alma.

Li a sua crónica plasmada ontem ou hoje, com a avidez e satisfação do costume. Fala da Escola, dos Alunos, dos Pais e dos Professores, com conhecimento vivido de tudo o que fala. É da Escola, é Progenitora, é Professora e já foi Aluna. Todos os condimentos necessários para falar, do que sabe.

De tudo o que escreve na crónica - podendo ou não concordar com a sua totalidade, que para o caso não interessa, pois a crónica/opinião é da sua responsabilidade -  retiro duas frases que me "ficaram no olho": 
Quando não se sabe dizer nada de jeito, diz-se mal. É uma forma de participar nas questões essenciais do nosso quotidiano, com desculpas esfarrapadas e afirmações, por vezes, anedóticas.

As palavras/letras são da professora, o negrito é meu. 

Saindo da Escola e vindo para o terreiro da freguesia - ou para lugares mais identificados como p.e. outras crónicas e "facesbooks" - as frases da professora, são como mel em focinho de cão.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

09 fevereiro 2019

510 - Outra vez?

No Reflexo deste mês o Colunista Manuel Ribeiro, escreve sobre a mobilidade na Vila e sobre a Educação, amarfanhando e metendo no mesmo saco a sua aversão à mobilidade e às Escolas dignas desse nome. Foi assim aquando da nova Secundária, num mesmo artigo de opinião publicado em março de 2010, onde criticou a volumetria e outras coisas mais, que nada tinham a ver com a Escola, mas serviam para manifestar o seu amor incondicional de paladino da cidade.

Diz o cabeça de lista da Coligação Juntos por Guimarães - que teima manter essa designação que deveria ser desfeita no dia a seguir às eleições - na crónica "Uma Escola nova e o trânsito entupido"e para a terminar em beleza "será, com certeza, um dia de tristeza para as Taipas que se confrontará com a sua dura e triste realidade: a de ser considerado um ente menor na realidade do concelho".


Francamente. Cada um fala por si. Para mim será um dia de alegria. A Escola, que alguns se contentavam em retirar o amianto, mediante a teimosia de Domingos Bragança, será uma Escola digna e que deveria orgulhar os Taipenses - pelos vistos não a todos. Inaugurada neste ano. Em setembro? Por causa das eleições? E isso que me interessa. Eu quero é uma Escola digna, como quis a Secundária e outros apenas se preocupam, como na Secundária, com danos colaterais. Mas que já existiam. Que já lá estavam quando estava a Escola instalada em barracões.


E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

03 fevereiro 2019

509 - O PROF.

14/10/2014-Meus 60 anos.

Frequentador do Rio Caldo e Foz do Cávado; as pranchas no tejadilho; a chamuça na Pã-Pã; o treinador de voleibol; o personal trainer de António Rodrigues, há muito era passado.

Mas no dia 28 de janeiro, tudo se complicou. Aquele que visitava o Gilinho; que colocava ao Pera questões das avarias dos "seus Clássicos"; que tinha o Tunes por pendura; que no Piteco punha a conversa em dia, com o Quinzinho; que depois de pagar perguntava mais duas ou três se já o tinha feito; que questionava o Ionas, mil vezes, sobre os seguros; que acusava o Quim Vilas "com a mania das pressas"; que mais vezes utilizava o Taxi do Joquinha.

A minha mulher vai deixar de receber os chocolates da Arcádia, por altura do Natal (às vezes depois dos Reis). Lá por casa deixaremos de ter um Amigo habitual, nas festas mais significativas.

A minha amiga Joana (da Barraquinha da Deolinda) não compra mais sardinhas para o Carlinhos e não lhe "dará ordens" para não as comer fritas. O seu Amigo Nuno não mais o ouvirá dizer que não fez as análises, nem foi ao especialista e que as nebulizações são feitas "pelo cigarro". Não mais se queixará que as viagens à Póvoa são chatas, que o condutor "vai pela Nacional e explica-me tudo como se eu não soubesse". Trocaram a de Varzim pela de Lanhoso e "como vai o Carlos Manel não me chateia tanto". Longos, muito longos, vão os tempos em que o 124 Special T aparcava dias a fio frente ao Piteco e este reclamava, tendo apenas por resposta uma olhadela para o cardan partido, um sorriso e uma "sopradela".

Como diz a minha mulher: é um senhor. Crítico mordaz q.b., não se coibindo de dar as suas opiniões e fazer diretamente as suas críticas. Amizades por tudo quanto era sítio. Respeitado. Correto. Amigo.

Todos nós vamos sentir a falta do cheiro do seu cigarro; da sua chávena de café, devolvida quase intacta; da sua imposição para nos sentarmos, quando não temos tempo; do boné gasto; da roupa desalinhada.

Não mais dirá que vai "buscar o Zé Luis à escola" ou "hoje tenho de ir jantar a Guimarães". Não falará dos sobrinhos e das tropelias do Rodrigo. As esplanadas das Taipas ficarão mais vazias e nós sentiremos "um vazio".

Peço desculpas sinceras ao Zé Luis e à Mãe, se acharem que sou inconveniente com estas letras, mas, este era o nosso Carlos Jorge. O Prof.


19 janeiro 2019

508 - Eu digo, tu escreves, ele sopra

Reflexo novembro 1993

Andei uns dez anos - mais ou menos - a escrevinhar no Reflexo. Antes, já o tinha feito noutros jornais da sede do concelho. Fiz "coberturas" jornalísticas em várias Assembleias de Freguesia e outras atividades, nomeadamente das associações da Vila. Sempre - e este sempre é mesmo sempre – separei o relato e a notícia, do comentário, que muitas vezes fazia ao lado da própria notícia.

Colaborei em algumas entrevistas, dentro e fora de portas, e nelas, juntamente com o(s) meu(s) Colegas de jornal, coloquei as questões que entendia pertinentes, confrontei os entrevistados com posições assumidas, mas sempre dentro da maior urbanidade e tentando que o leitor ficasse o melhor esclarecido possível.

Hoje, as coisas não funcionam assim. Saem parangonas que, depois de passar ao texto, nada têm a ver com o título. Crucifica-se. Esfola-se. Mata-se. Tudo em prol do que chamam de informação. Sensacionalismos, digo eu. Fazem-se julgamentos, acusa-se, sem o menor problema e não pensando no leitor, que estamos a induzir em erro. Apenas o eu, o sensacionalismo, a bomba, a calúnia, interessam. O artista não é o entrevistado, é o entrevistador.

Com os facebooks passa-se algo de parecido, mas mais tenebroso. Não só anonimamente, mas com perfis de quem não tem perfil, ataca-se tudo que mexe, desde que não seja da nossa opinião. E não interessa que estejam a fazer as coisas bem, nem o que é necessário, nem o que deve ser feito. Tudo o que “os outros” fizerem é mau. E se for preciso contradizer-se 2, 3, 10 vezes, não há problema. O pobo tem fraca memória - pensam eles - e não se lembra do que (não) fizemos. É preciso é camionetas de areia, para deitar para os olhos dos mais incautos.

Mas – como gosta de dizer o Vereador das Finanças – o caminho faz-se caminhando e, quando chegarmos ao fim, vamos fazer as medições.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

13 janeiro 2019

507 - A legitimidade do quarto poder.

Imagem: ibmec.br
Nos compêndios da Ciência Política, ou até nos da quarta classe, diz-se que temos três poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judicial. O primeiro com eleição direta; o segundo por eleição daqueles que o foram diretamente; e o terceiro pela Lei e pelos seus pares. Não vou falar sobre estes três, mas sobre aquele a que se entendeu designar de quarto. Não quarto de dormir, nem da hierarquia, mas quarto poder: a Comunicação Social.

Um elemento necessário à sociedade, um bem de que todos queremos usufruir e que, alguns, querem pôr e dispôr. A CS é necessária. A Imprensa é necessária e toda ela tem lugar na sociedade: a escrita (no papel), a falada e a audiovisual. Em qualquer uma delas, temos de separar a notícia da opinião. Nem sempre é fácil, não porque sejamos menos letrados ou instruídos, mas porque os autores, por ignorarem o verdadeiro jornalismo ou por interesses, misturam a notícia e a opinião, baralhando o leitor menos atento.

Mas, e ainda dentro da escrita e na subdivisão notícia, há os que procuram a notícia e os que adulteram a notícia. Com o imediatismo dos dias de hoje, há pessoas na imprensa, nas relações públicas, na comunicação política, que, facilitando a vida aos órgãos de CS e também no seu próprio interesse, enviam para a CS alertas sobre eventos futuros e até relatos do próprio acontecimento, facilitando assim o trabalho à CS.

Tudo legal, tudo normal, tudo pacífico. O que não é normal, honesto nem ético, é quando se envia um texto,  fornecido com a melhor das intenções, e este é adulterado a bel-prazer por aqueles a quem, a única coisa que se lhes pede, é isenção.
Aceita-se que comentadores políticos puxem a brasa para a sua sardinha, agora, não se aceita que órgãos de CS ou os seus Colaboradores, adulteram o que se lhes fornece.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

09 janeiro 2019

506 - A (in)dependência ou a falta dela.

Foto: QV.
Todos somos (in)dependentes. Para o bem e para o mal. Todos podemos/devemos dizer e agir da forma que achamos mais correta. Claro que a forma que é a mais correta para mim, pode não ser para o outro, mas isso não me impede de pensar/achar, que a minha é a mais correta. Estive a falar em opções individuais. Estive a falar daquilo que apenas me interessa a mim, ou que a mim diz respeito.

Se as minhas opiniões/convicções, deixam de ser individuais, aí o caso muda de figura. Tenho de as discutir, moldar e conciliar com o pensamento coletivo. O coletivo, o conjunto, ou a sua ideia/opção, terá de ser tomada como minha e eu defendê-la como tal. É o custo de pertencer a organizações democráticas.

Posto isto, passemos à minha interpretação sobre as ideias que eu quero inculcar nos outros. Quero que os outros aceitem as minhas ideias e então, faço trinta por uma linha, para "cativar" o desencontrado e trazê-lo para a minha equipa. Se o convencer a aceitar as minhas ideias, tanto melhor. Se não conseguir, pelo memos que faça parte da equipa.

Vamos passar a outra fase, que será a última que se faz tarde. É eu transmitir a minha ideia, convicção, o que eu acho, o que eu quero, como se não fosse isso, mas antes um pensamento e uma afirmação comum. Como se fosse outro a dizer. Como se eu estivesse "a relatar" o que outro disse, quando, na verdade, era apenas a minha ideia.

Dou um exemplo. Eu digo: - O senhor não repita o insulto. Tenha cuidado com o que diz, quando na verdade, o outro nada disse. O "outro" fica tão estupefacto que nem responde, mas a opinião pública, distraída, até pensa que ele disse. Ah, a opinião pública fica estupefacta e a opinião publicada, publica, porque lhe agrada/quer agradar.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, faço de conta que não percebo o que "eles" querem. 


05 janeiro 2019

505 - Continuo a andar por aí.

O Rui Vitória foi embora do Benfica. Os teóricos questionam-se: Foi ele que se despediu? Foi o Benfica que o despediu? Foi por mútuo acordo?

Eu prometo ao meu filho dar-lhe 100€. Por dificuldades, não lhe consegui dar o dinheiro. A minha mulher, porque eu tinha assumido e o rapaz estava a contar com ele, deu-lhe do dela. Eu, embora não sendo teórico, questiono-me: Fui eu que dei o dinheiro? Foi a minha mulher que deu o dinheiro? Fomos os dois?

O meu vizinho costuma dar anualmente, por altura do Natal, 100€ a uma instituição, para ajudar nas despesas. A instituição teve, a meio do ano, problemas e pediu-lhe se poderia contribuir com 300€. O meu vizinho contribuiu. Chegados ao Natal, não deu os habituais 100€, porque já tinha dado 300 extras. Os intervenientes dividem opiniões: O Mecenas diz que deu mais 200€ que o costume. A instituição diz que não recebeu os 100€ do costume.

Nunca fui bom em matemática, mas costumo pensar. E se o primeiro caso apenas serviu para introduzir o tema, no segundo foi a minha mulher que deu o dinheiro e no terceiro a instituição recebeu 200€ a mais que o habitual. E quem disser o contrário, joga de má fé.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.