03 fevereiro 2019

509 - O PROF.

14/10/2014-Meus 60 anos.

Frequentador do Rio Caldo e Foz do Cávado; as pranchas no tejadilho; a chamuça na Pã-Pã; o treinador de voleibol; o personal trainer de António Rodrigues, há muito era passado.

Mas no dia 28 de janeiro, tudo se complicou. Aquele que visitava o Gilinho; que colocava ao Pera questões das avarias dos "seus Clássicos"; que tinha o Tunes por pendura; que no Piteco punha a conversa em dia, com o Quinzinho; que depois de pagar perguntava mais duas ou três se já o tinha feito; que questionava o Ionas, mil vezes, sobre os seguros; que acusava o Quim Vilas "com a mania das pressas"; que mais vezes utilizava o Taxi do Joquinha.

A minha mulher vai deixar de receber os chocolates da Arcádia, por altura do Natal (às vezes depois dos Reis). Lá por casa deixaremos de ter um Amigo habitual, nas festas mais significativas.

A minha amiga Joana (da Barraquinha da Deolinda) não compra mais sardinhas para o Carlinhos e não lhe "dará ordens" para não as comer fritas. O seu Amigo Nuno não mais o ouvirá dizer que não fez as análises, nem foi ao especialista e que as nebulizações são feitas "pelo cigarro". Não mais se queixará que as viagens à Póvoa são chatas, que o condutor "vai pela Nacional e explica-me tudo como se eu não soubesse". Trocaram a de Varzim pela de Lanhoso e "como vai o Carlos Manel não me chateia tanto". Longos, muito longos, vão os tempos em que o 124 Special T aparcava dias a fio frente ao Piteco e este reclamava, tendo apenas por resposta uma olhadela para o cardan partido, um sorriso e uma "sopradela".

Como diz a minha mulher: é um senhor. Crítico mordaz q.b., não se coibindo de dar as suas opiniões e fazer diretamente as suas críticas. Amizades por tudo quanto era sítio. Respeitado. Correto. Amigo.

Todos nós vamos sentir a falta do cheiro do seu cigarro; da sua chávena de café, devolvida quase intacta; da sua imposição para nos sentarmos, quando não temos tempo; do boné gasto; da roupa desalinhada.

Não mais dirá que vai "buscar o Zé Luis à escola" ou "hoje tenho de ir jantar a Guimarães". Não falará dos sobrinhos e das tropelias do Rodrigo. As esplanadas das Taipas ficarão mais vazias e nós sentiremos "um vazio".

Peço desculpas sinceras ao Zé Luis e à Mãe, se acharem que sou inconveniente com estas letras, mas, este era o nosso Carlos Jorge. O Prof.


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