25 maio 2007

33 - Chico Freitas, o 41

Realmente esta história dos blogues é gira. Quem colabora – mesmo por carolice – em jornais, mesmo digitais, não pode pôr cá fora, o que lhe apetece, mas tem de se reger por critérios. Ao contrário, num blogue só seu, o seu autor pode dizer o que lhe vai na alma… quer dizer, alguma coisa do que lhe apetece.
Ao tomar conhecimento da passagem para o outro lado, de João Martins, o 45, lembrei-me de outro quarenta, neste caso, do 41.
E achei que era a altura de reproduzir, uma intervenção minha, numa Assembleia Geral dos Bombeiros, realizada poucas semanas após o dia 8 de Janeiro de 2003. Já lá vão mais quatro anos.
É uma singela homenagem ao 41 e a todos aqueles, que foram vítimas, consigo, da ambição dos homens.


Senhores presidentes da Assembleia Geral, Direcção e Conselho Fiscal;
Senhores membros do Comando
Caros Associados

Queria felicitar o Comandante da Corporação, pelo presença do 2º Comandante e de um Piquete de 4 (Quatro) Bombeiros, no Funeral do já saudoso Francisco Freitas, o velho 41.
Queria felicitar o senhor Presidente da Direcção, por ter participado de forma tão activa, nas Cerimónias Fúnebres e pelo elogio, merecido, que fez à pessoa do Francisco, pelos anos de Bombeiro nesta Associação.


Queria felicitar os senhores Presidentes da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal, pela sua presença no mesmo Funeral se, eventualmente, além da amizade pessoal que teriam pelo defunto e pela Família, também estavam na qualidade de presidentes dos Órgãos a que presidem.

Postas estas felicitações, gostaria de, muito sucintamente, lembrar aqui e agora, a figura do velho 41, pessoa que desde sempre conheci e com quem privei, mais de perto, nos alguns anos que passamos juntos nesta casa. Efectivamente, o Chico Freitas era um homem bom, alegre, disponível e que, à sua maneira, contribuiu para dignificar o Corpo de Bombeiros das Taipas.

Depois de alguns anos ao serviço da Corporação, foi demitido das suas funções, num processo que todos tentam esquecer, mas que, a quem, juntamente com o Chico sofreu na pele esse processo, não poderá nunca esquecê-lo. E não poderá esquecê-lo, porque foi algo de ignóbil e vergonhoso, que todos os adjectivos existentes na gramática portuguesa, não serão bastantes, para o adjectivar.

O Francisco Freitas deixou-nos, com a mágoa de quem sofre uma injustiça, com o sentimento de revolta, que por muito que quisesse deitar para trás das costas, não se consegue.

Deixou-nos, sem saber, que a Associação, na pessoa dos seus presidentes e o Corpo de Bombeiros, com a sua presença, reconheceram, finalmente, que afinal tinha sido cometida uma injustiça ao terem-no demitido da Corporação.

Foi pena, que apenas com a sua morte, lhe tivesse sido feita justiça.


“Intervenção produzida na Assembleia Geral dos Bombeiros das Taipas, Março de 2003, pelo associado n.º 131 – António Joaquim Oliveira”

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