24 setembro 2021

553 - Ajudando a perceber... cada vez menos (fim)

Há cerca de quatro anos que não vinha às Caldas das Taipas. Saí da autoestrada, segui por Ponte e ao passar na ponte, vi o parque do turismo com um aspeto asseado e a ponte Romana – como se dizia antigamente – parecia limpa de detritos. 

Ia virar para o parque e, na casa do Ti Manel Padre Santo, vi um sinal a proibir. Mau, que se passa? Segui em frente e fiquei baralhado. As letras diziam “Caldas das Taipas”, mas tinha canteiros com flores. Estaria nas Taipas? Vai daí virei à esquerda na rua que dá à escola do Pinheiral – como se dizia antigamente. Na rotunda via-se o monumento ao Cutileiro. C’os diabos, pensei - anda p’ra’í obra.

Segui em direção à Ribeira e fiquei preocupado. Onde estariam os galinheiros do ciclo – como se dizia antigamente. Tinha um edifício novo. Parecia uma escola de cidade. Continuei e virei na casa do senhor Américo do Questodinho – como se dizia antigamente – segui pela rua de Santo António e virei na rua da oficina dos Amâncios – como se dizia antigamente – para  entrar no parque. Ao passar à casa do Enfermeiro Fonseca não vi o Estaleiro da Praça. Virei para o parque na mercearia do Palhas e, pelo espelho retrovisor, vi na praça um grande cartaz com jardins em relva e os talhos arranjados. O cartaz parecia mexer-se. Pensei: devo estar tolo.

A Alameda Rosas Guimarães tinha os canteiros centrais com bom aspeto e os passeios arranjados. Ao chegar à rua do Matadouro – como se dizia antigamente – vi que o último canteiro era apenas de acesso a peões, com bancos e tudo. Subi a alameda e vi que na praça não era um cartaz. O raio da praça estava bem amanhada. 

Tentei virar para a Lameira, mas era proibido. Segui pela rua Padre Silva Gonçalves e, ao chegar à casa dos Palhas, vi um monumento em homenagem aos Combatentes. Segui para casa e a rua estava alcatroada até ao café do Tónio, onde me disseram que a da Laida e a da Aninhas Cartola também estavam.

Chegado a casa abracei o povo e deram-me mais novidades. Algumas nem queria acreditar, pelo que meti pés ao caminho, saí do loteamento para o Sequeiro e deram-me a novidade que já tinha saneamento. Saí na casa do Tio Bravo da minha mulher e, ao chegar ao Carlitos da Candidinha, virei para a rua do Rabelo. Tinha o paralelo direitinho. Desemboquei no cruzamento com a dos Cutileiros e, alto e para o baile - a praia Seca, estava um espetáculo. Aliás, a área estava o dobro, tinha um bar e umas casas de banho, a rua tinha sido requalificada, o passeio tinha sido completado até à ponte do Rabelo e havia árvores e relva semeada. Levaram-me por um caminho até ao Ave e seguimos por um trilho que ia até ao Parque. Pensei que era gozo - afinal não, ia até ao campismo, continuava pelo parque de lazer e ia até aos moinhos da Levada. Ora toma que já almoçaste.

Antes do campismo viramos para o horto comunitário. Cuidado, estava bonito, bem bonito e cuidado, hortaliças por tudo quanto era sítio. Disseram-me que as pessoas também se tinham mobilizado para fazer alguns canteiros na via pública, que havia uns dispensadores de sacos para dejetos de animais, um parque canino, e que os parques infantis tinham sido arranjados, entre muitas coisas mais.

Segui pelo Ribeirinho em direção aos Banhos Velhos e vi que estava um bocado confuso, diz que era por causa das obras do centro. Tinham começado pela Praça Conde de Agrolongo, descido a igreja até aos Banhos Novos, a rua do prédio do Leites – como se dizia antigamente – e iam até aos Banhos Velhos. Estavam a fazer muitos buracos porque estavam a instalar tudo novo no subsolo: esgotos, águas pluviais, canalizações elétricas, gás, enfim, muitas coisas que não se veem e que nem se deviam fazer em ano de eleições, disseram. 

Não sou contra as obras de beneficiação, antes pelo contrário. Mas gostava de ter algo para recordar do passado. Disseram-me para ir à Pensão Vilas. Continuava a mesma ruína da última década.


E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

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