10 novembro 2015

438 - Ainda (e sempre?), as legitimidades.

Somos um País de legitimidades. Ontem, hoje e, porventura, amanhã; tudo e todos, falam no legítimo. A começar por mim, que acho ter legitimidade para escrever neste (meu) blogue o que entendo; o meu vizinho que acha tem legitimidade para criticar o que eu escrevo; e a minha mulher que tem toda a legitimidade para ignorar o que eu escrevo. Mas eu, sou eu, um rapaz nascido no ano de 1954 na Pensão Vilas, debaixo do manto protetor do Avô Francisco e que não dei novos mundos ao mundo; ou seja, um ilustre desconhecido a quem até as empresas de sondagem, em quatro décadas de existência, nunca se dignaram perguntar qual era o meu palpite sobre nenhum assunto.

Mas - para contrariar o meu amigo Delfim que diz que muitas vezes sou pouco claro - o mesmo não se passa com os senhores deputados/comentadores encartados, que entram pelas casas adentro - de quem deixa - e vomitam legitimidades por tudo e mais alguma coisa. Não tenho assistido aos debates da semana finda, nem assistirei aos desta, pois não estou em idade de me incomodar, mas nos intervalos das novelas, ao passar de canal em canal, vou apanhando alguma coisa. E a legitimidade está sempre presente e para todos os gostos e feitios.

Para mim - que só sei que nada sei - nesta história que se desenrola desde 4 de outubro, há apenas uma legitimidade: a de quem votou, a de quem escolheu. E depois há uma coisa que se chama Constituição da República Portuguesa e outros sucedâneos que poderemos chamar de Leis, bom senso, responsabilidade, etc. Temos é que vincar e aceitar de quem vem a legitimidade. Tudo o resto são flores - para não dizer mariquisses - para enganar o Povão.

E, como sou chato, lá voltamos ao mesmo: diálogo; discussão; consensos. Houve diálogo? Houve discussão? Chegaram a consensos? Então se conseguiram estas três coisas, deverá haver uma solução, para aplicar a legitimidade do povo. Se não conseguiram, paciência. Temos de partir para outra.

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

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