Corria o mês de setembro ou outubro do ano de 1972 quando entrei no Restaurante Monte Rei e, numa mesa, o Fernando Miogo, o Carlos Martinho e talvez o Gusto de Briteiros me perguntaram se eu queria "fazer teatro".
Embora nunca tivesse feito teatro e poucas vezes assistido,
anui e em 25 de dezembro, representamos no Salão do antigo Edifício dos
Bombeiros, a peça “Pouca Vergonha” de, salvo erro, Rui Correia Leite.
Estes espetáculos serviam de angariação de fundos que possibilitassem
a compra de instrumentos para os Psictos, parte integrante e principal do Grupo
Cultural e Recreativa Psictodérmicos.
Mais tarde, por dezembro de 1974, a parte cultural (leia-se
teatral) deste grupo, desligou-se dos músicos e juntamente com o D.Cajas,
fundou o Grupo Cultural e Desportivo CAJAS que, mais tarde e mais grupos
nados/mortos deu origem ao ainda hoje CART – Centro de Actividades Recreativas
Taipense que, neste ano da graça, comemorará 50 (cinquenta) anos de existência
com muito desporto à mistura e com o teatro arredado da “cena”.
Em todos esses locais, quem está no palco, seja
congressista, orador, sacerdote e até acólitos leitores ou coralistas, são
objeto de uma perscrutação de tod@s aquelas e aqueles que os escutam.
Este é, para mim claro, o palco da vida, onde os nossos
gestos (interpretações) são perscrutados por todos e “às claras”, para todos. Porém,
há outros palcos mais escuros ou até, se quiserem, mesmo obscuros, onde os
atores, na sombra, interpretam papéis que ninguém vê mas que, mais tarde, todos
sentem.
Porém, quando sentimos, já pagamos o bilhete e já nada mais
nos resta senão chorar sobre o leite derramado e ficar de sobreaviso em novas
investidas dos atores.
Para o final da semana, cá estaremos e entretanto eu vou andando por aí e, por simpatia, também
vou assobiando.