04 junho 2020

535 - Mais valia estar calado

Estava prestes a findar o terceiro quartel do século passado quando ingressei no mundo do trabalho. Como muitos dos meus/nossos conterrâneos, montei na camioneta do Ferreira das Neves, rumo "ao Pevidém". No início do último quartel do século XX, regressado "da tropa" mudei de secção e passei a trabalhar "no control", que era uma secção que, com o desenrolar dos tempos, sofreu muitas mudanças de nome: Secção de/o Pessoal, Serviços de Pessoal, Departamento de Pessoal, Recursos Humanos, etc, etc, etc.

Nessa secção, entre outros assuntos, era onde o Advogado da Empresa "fazia os processos disciplinares", que eram frequentes - estamos a falar de dezembro de 1976 em diante. Por vezes, na falta ou impedimento da Colega mais vocacionada para estes assuntos, servia "de escrivão nos autos" e o causídico, depois de em voz alta identificar "para os autos" o nome, profissão etc e tal do inquirido, normalmente terminava o ditado com a frase: e aos costumes disse nada.

Por vezes questiono-me se é pior "aos costumes dizer nada" ou estar calado. Ou ignorar, como sou muitas vezes aconselhado. Mas, normalmente, as minhas entranhas revolvem-se com as acusações, que eu acho, infundadas. Mas, ainda aí, podemos - embora a mim me custe muito, muito, muito - ignorar as "infundações".

Agora, vir para a imprensa tentando ofuscar o trabalho dos outros e a sua incompetência (dele) e porque não tem mais nada para falar, escrever mentiras, aldrabar, falar do que não sabe, deturpar os factos, perdoem não posso ficar calado. Isto é repugnante.  

E eu vou andando por aí e, por simpatia, também vou assobiando.

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