29 junho 2020

537 - O Parque, as Noras, a Levada... e tudo o vento levou.

Foto: QV

Se no princípio era “O Parque” - com terrenos adquiridos pela Comissão de Iniciativa e mandado construir pela Junta de Turismo - a apetência de todos aqueles que não tinham possibilidades de frequentar “a Piscina”, paulatinamente - o mesmo é dizer pouco-a-pouco - “o areal, o cu-de-cão, o Poço de S. Gemil, a Prancha, o Penedo Rachado e as Levadas” e mais a montante “as Noras”, foram sendo substituídas pelo “Amâncio das Águas” do lado de Sta Eufémia e pela “Praia Seca” do lado das Taipas.

Nunca fui grande frequentador “do areal”, exceto para utilizar os barcos do S’ Zé Mentiroso, quando haviam alguns tostões no bolso ou, então, ao final do dia para ajudar a levá-los para o ancoradouro, na outra margem.

As noras, mais na direção da casa de meu Pai, ali junto aos Banhos Velhos, com areal do lado de S. João, atravessando os campos do Canto de Cima, de Baixo e da Seara, não eram de grande preferência, pelo que, ao final da tarde, terminado o trabalho, a Praia Seca era o local de convívio e de verdadeiro banho dos trabalhadores que, munidos de sabão e toalha, iam tirar o pó que as cutelarias lhes apegavam ao corpo durante o dia de trabalho e davam duas de treta com as raparigas mais novas que, ali também, lavavam alguns trapinhos.

Assim, seria perder uma oportunidade de agradar aos eleitores, que as candidaturas à Junta de Freguesia, a partir de determinada época, não se virassem para a Praia Seca. Ainda nos finais dos anos 90, princípios de 2000, nos lembraremos das manifestações organizadas por os seus frequentadores e outros, relativamente à falta de areal na Praia Seca.

Os programas eleitorais – uns mais objetivamente, outras mais ao de leve – abordavam o tema Praia Seca como aliciante para os saudosistas da mesma, na hora do voto, pensarem que tal seria possível. A Praia Seca e “a Praça”, mais tarde denominada de Mercado, eram trunfo para convencer os eleitores de que lado deveriam estar.

Finalmente as promessas estão a tornar-se realidade. O Mercado verá a sua requalificação e a Praia Seca, já com uma aparência agradável, ainda este verão será brindada com Bar de Apoio e Casas de Banho.

Pena é que muitos daqueles que utilizam o espaço não tenham os cuidados e deveres que deviam ter. Usam-na como, eventualmente, farão nas suas casas, conspurcando o local com tudo quanto é dispensável, sem ter o cuidado de acondicionar os sobrantes e as embalagens nos locais próprios. Brincando com o trabalho dos outros, obrigam a uma limpeza diária, que seria desnecessária se o espaço fosse utilizado como mandam as regras da boa educação e civilização.

Se a limpeza não fosse feita um ou dois dias, seriam os primeiros a reclamar pela sujidade.

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